O Hospital das Clínicas de São Paulo suspendeu até terça-feira a realização de ao menos 700 exames dos setores de parasitologia e de microbiologia em razão da falta de refrigeração do local. O problema teve início em dezembro, com o incêndio que atingiu a unidade, e piorou nesta semana, por causa do aumento da temperatura.
Ontem, a superintendência do hospital negou ter havido contaminação no Laboratório Central ou em qualquer outra unidade da instituição.
O esclarecimento foi em resposta à reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", segundo a qual falhas no sistema de ventilação teriam propiciado a proliferação de bactérias e fungos no local.
Segundo nota da assessoria de imprensa, o HC suspendeu a coleta dos exames de casos simples para cultura de urina, fezes, secreção de pele e secreção respiratória. "A medida foi tomada por dois dias para manter a qualidade do serviço prestado", diz um trecho.
A assessoria afirma que não foram feitos exames que indicassem a contaminação do laboratório, mas que, em razão da falta de refrigeração, entendeu-se que a qualidade do material estava comprometida e que seria mais seguro descartar as lâminas (meios de cultura) que estavam sendo usadas e comprar um novo estoque.
Estão mantidas apenas análises de sangue e do líquor-essencial para detectar meningite, por exemplo-, além de exames em líquidos de cavidades em pacientes que passaram por cirurgias e os de emergência.
Segundo a assessoria, o ar-condicionado foi religado, mas as novas lâminas só chegam na próxima terça-feira.
"Em nenhum momento os pacientes sofreram qualquer risco e/ou dificuldade de atendimento. Essa instituição é responsável pela saúde de milhares de pessoas e, sendo responsável, não colocaria nenhum paciente em risco", encerra a nota.
A Folha teve acesso a três comunicados internos do HC do último dia 12, que tratam da suspensão dos exames. Um deles, assinado por Rosilaine Teberges e Flávia Rossi, do serviço de microbiologia do Laboratório Central, diz que a gerência de risco do HC constatou condições inadequadas de biossegurança para a realização dos exames laboratoriais e que, em razão disso, a seção de microbiologia seria interditada por tempo indeterminado.
Em outro comunicado, endereçado a todas as clínicas do complexo HC, o diretor do Laboratório Central, Marcelo Burattini, diz que os exames seriam suspensos em razão do incêndio de dezembro. Burattini foi procurado no HC e na sua casa, mas não respondeu as ligações da reportagem.
Além do incêndio em dezembro, o HC sofreu no último mês uma pane no hemocentro e um outro princípio de incêndio em uma sala. Por questões de segurança, uma parte da realização de exames (o isolamento de bactérias) está sendo feita na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Fonte: Folha de São Paulo - 15-02-2008