03-04-2008 - SIMERS: contaminação de bactéria expõe impactos da superlotação em hospitais do SUS

A vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e membro da diretoria da Fenam, Maria Rita de Assis Brasil, diz que a rotina de superlotação dos hospitais que atendem pelo SUS e problemas de higiene estão entre os principais responsáveis pela proliferação da bactéria Acinetobacter em unidades de Porto Alegre. O Simers, desde esta segunda-feira, dia 31 de março, vem chamando atenção para o problema, que ganhou maiores dimensões com o fechamento da UTI de trauma do Hospital de Pronto Socorro (na sexta, dia 28) e da chamada Sala Vermelha, na emergência do Hospital Conceição (na tarde desta terça), onde são mantidos pacientes mais graves que chegam ao serviço. A bactéria tem como caracterítica a alta resistência e capacidade de adaptação. A mortalidade de pacientes infectados é muito elevada.     
Na manhã desta terça (01/04), Maria Rita e a deputada federal Luciana Genro se reuniram com a Superintendência do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e ouviram a confirmação de surto da bactéria nos hospitais Cristo Redentor e Conceição. Segundo Maria Rita, a superintendente do GHC, Jussara Cony, garantiu que as medidas para controle da contaminação estão sendo adotadas há meses. Hoje, 42 pacientes, segundo Jussara, estão contaminados. Na segunda, o Simers foi ao HPS para saber como a instituição estava lidando com a contaminação. Seis pacientes que estão na UTI fechada estariam com a bactéria.    
”É importante que a Secretaria Municipal da Saúde esclareça a população sobre o que está ocorrendo e os cuidados que estão sendo adotados. Não estamos fazendo alarde, mas não podemos ignorar que o fechamento de serviços e a manutenção da superlotação afetam diretamente os usuários do SUS”, argumentou a dirigente. O Sindicato sugerirá que o Conselho Municipal da Saúde, que representa os usuários do SUS, acompanhe de perto a evolução do combate à bactéria pelos hospitais.    
Além das medidas que são orientadas pelos setores de infecção e vigilância sanitária, Maria Rita ressalta que é decisivo mudar a realidade de carência de estrutura e de sobrecarga sobre os maiores hospitais. “Sabemos que unidades operando no limite da capacidade ou até com mais pacientes que deveriam geram ambientes propícios à vida desses germes”, lembra a vice-presidente do SIMERS.     
O médico infectologista Ricardo Kuchenbecker, que coordena a Comissão de Infecção do Hospital de Clínicas, esclarece que a solução para a atual contaminação não será encontrada por um hospital sozinho. “A saída deverá envolver todo o sistema. Há um grande trânsito de pacientes entre os hospitais. Os cuidados devem incluir também ambulâncias do Samu”, citou o médico. Kuchenbecker também ressaltou que é importante que a Secretaria Municipal da Saúde faça esclarecimento da população. Ele explica que a bactéria não se manifesta em indivíduos sadios.    
Kuchenbecker aponta que Porto Alegre tem fatores que a tornam mais suscetível à contaminação comparada a outras capitais. “A cidade tem grande concentração de leitos de alta complexidade, que incluem UTIs, sobrecarga de serviços e grande mobilidade de pacientes entre os hospitais”, explicou o médico. A primeira notificação da Acinetobacter na Capital ocorreu em 2004, segundo ele. A partir de maio de 2007, foi criado um Grupo de Trabalho, coordenado pela Secretaria Municipal da Saúde, com os hospitais que atendem SUS para que fossem adotadas medidas de combate e prevenção à bactéria. Desde dezembro passado, segundo o infectologista, que assessora o Grupo, houve fechamento de UTIs no Cristo Redentor, HPS, Santa Casa e Conceição. 
     
Fonte: Assessoria de Imprensa do Simers - 02-04-2008


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