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07-07-2008 - Saúde inaugura Centro de Epilepsia no Hospital Celso Ramos

 O governador em exercício, Francisco de Oliveira Filho, e a secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto, inauguram, nesta segunda (7), às 16 horas, o Centro de Epilepsia do Estado de Santa Catarina (Cepesc), no Hospital Celso Ramos. Referência estadual na área de neurologia, a instituição passa a comportar o nono centro credenciado pelo Ministério da Saúde para o tratamento cirúrgico da doença no Brasil. O Governo do Estado contratou profissionais especializados e investiu mais de R$ 600 mil na compra de equipamentos de ponta e reforma do setor.
“Aos poucos, Santa Catarina começa a oferecer serviços através do Sistema Único de Saúde (SUS) que antes só estavam disponíveis em grandes centros especializados do país. Para garantir que o tratamento do paciente seja realizado próximo à sua residência, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) tem feito investimentos e apoiado a inclusão de novos serviços em território catarinense”, afirma a secretária Carmen. Além do centro de epilepsia, a SES viabilizou recentemente o tratamento de portadores de osteogenesis imperfecta, no Hospital Infantil Joana de Gusmão, e de pacientes com tumor de tireóide, no Instituto de Cardiologia.
Em Santa Catarina vivem cerca de 100 mil portadores de epilepsia. De 20 a 30% dos pacientes não controlam as crises epilépticas, mesmo adotando um tratamento adequado com remédios. Por conta disso, eles têm indicação para realizar uma avaliação pré-operatória, na qual os médicos analisam o procedimento cirúrgico mais adequado para o caso através do exame de videoeletroencefalografia (VEEG). A infra-estrutura, os equipamentos de última geração e a equipe técnica especializada e multidisciplinar permitirão a avaliação simultânea e ininterrupta de VEEG de três pacientes, que normalmente ficam internados de 4 a 10 dias. O serviço funciona todos os dias da semana sem interrupção. “Esse monitoramento possibilita identificar o local de início da atividade elétrica anormal e correlacioná-la com uma cicatriz, tumor ou mesmo alterações no desenvolvimento do cérebro observadas na ressonância nuclear magnética de alta resolução. Isso facilita o planejamento da cirurgia”, afirma o neurocirurgião Marcelo Linhares.
“Os profissionais do Celso Ramos acompanham mais de 700 pacientes de diversas cidades catarinenses desde 2004, e, a cada mês, a unidade recebe 30 novos casos”, diz a neurofisiologista do hospital, Kátia Lin. Com a ativação do Cepesc, será possível fazer mais de 120 avaliações pré-operatórias e pelo menos 80 cirurgias anualmente. A cirurgia é uma alternativa para os pacientes que não apresentaram controle das crises através dos medicamentos. “Quando bem indicado, o procedimento cirúrgico oferece a possibilidade de remissão completa das crises em 70 a 80% das pessoas operadas, levando a uma significativa melhoria na qualidade de vida do paciente e dos familiares”, observa o neurofisiologista clínico e responsável técnico da unidade de VEEG, Roger Walz. Antes da cirurgia, os pacientes são submetidos a avaliações neuropsicológicas.
Além do papel assistencial, o Cepesc também possibilitará a formação de recursos humanos da área da saúde e pesquisa científica aplicada à neurologia e neurocirurgia. Neste sentido, recentemente a equipe do centro adotou uma técnica inédita para o tratamento cirúrgico da epilepsia. A nova tecnologia já foi utilizada com sucesso em uma paciente de 18 anos que tinha, em média, três crises epilépticas por semana desde os seis. Há dez meses, ela não apresenta sintomas da doença. A descrição da técnica será submetida para publicação em uma revista especializada em neurocirurgia com circulação internacional.
A técnica de “Reconstrução curvilinear de ressonância nuclear magnética transoperatória” consiste na sobreposição de imagens do cérebro. Elas são obtidas com uma câmera fotográfica digital durante a cirurgia e comparadas a exames de ressonância realizados previamente pelo paciente e arquivados em formato digital. Com a ajuda de um laptop e de um software idealizado pelo neurorradiologista da equipe, Alexandre Bastos, o neurocirurgião consegue ter, durante a operação, uma melhor noção tridimensional do cérebro. Essa técnica oferece uma relação anatômica de profundidade muito útil no decorrer do procedimento. Na mesma paciente também foi realizada uma eletrocorticografia aguda, técnica mundialmente utilizada que consiste no registro da atividade elétrica através de eletrodos colocados na superfície do cérebro. Com a estimulação do órgão, também foi possível mapear as diferentes áreas funcionais. Juntas, a técnica inédita e a já difundida aumentam as chances de sucesso da cirurgia. Além desta nova técnica, o Cepesc também vai oferecer, de forma sistemática, outros procedimentos cirúrgicos para o tratamento da epilepsia aos pacientes do SUS.

SAIBA MAIS:
A epilepsia é uma doença neurológica crônica que se caracteriza por alterações funcionais do cérebro, provocadas por descargas elétricas anormais. Elas podem ser localizadas em uma região do cérebro e se espalhar, ocasionando crises de convulsão. As causas para o surgimento da doença podem ser de ordem genética, infecção, traumatismo craniano, entre outras. Para ter acesso ao tratamento, as pessoas portadoras de epilepsia devem ir ao posto de saúde do município em que residem para que o médico realize o encaminhamento para os profissionais do Hospital Celso Ramos, através do programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD)

Fonte: SES - 07-07-2008


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