29-10-2008 - Sombrio: Dom Joaquim segue em situação crítica

O tesoureiro da Associação Hospitalar Dom Joaquim, Adilson Garcia Barbosa, usou a tribuna da Câmara de Vereadores de Sombrio, para falar da difícil situação que passa hoje o Hospital Dom Joaquim.
De acordo com Adilson o hospital hoje está na UTI, e que se fosse um paciente, necessitaria urgentemente de um transplante, analisando a situação financeira e as dívidas que o hospital tem.
Juntamente com a agente de serviços do hospital, Fátima Darós Bereta, eles concederam uma entrevista ao programa Correio Repórter - 2ª edição, transmitido pela rádio Mampituba FM, de Sombrio.
No final da entrevista, Adilson citou que a Prefeitura de Sombrio repassa por mês R$ 25 mil, Balneário Gaivota repassa mensalmente R$ 7,3 mil e Santa Rosa do Sul repassa uma verba de R$ 5,7 mil. Esse cálculo é baseado no percentual de atendimento feito pelo hospital. Antes das eleições, a Associação Hospitalar procurou todos os candidatos para garantir a execução de projetos em prol do hospital. Com a vitória do professor Jusa (PP) ele garantiu que vai sentar para conversar com a associação para ser parceira nessa tentativa de salvar o nosso hospital, inclusive a proposta de sua campanha é comprar o hospital.
Dia 6 de novembro, às 19h, na sede do hospital, ocorrerá as eleições para a nova diretoria da associação. Para votar ou ser candidato precisa ser sócio. Os sócios sãos aqueles que fundaram a associação, que consta em ata e as pessoas que contribuem na conta de luz ou com doações acima de R$ 10,00.

Correio Repórter: Adilson você deixou claro na tribuna que o hospital tem uma dívida enorme. Com a chegada do final do ano essa dívida pode aumentar ainda mais. Qual a atual situação do hospital hoje?
Adilson:
Fui até a Câmara de Vereadores porque ali é o local mais propício, já que são representantes do povo. Eu digo que o nosso hospital está na UTI, mas a saúde no Brasil está na UTI. Encontramos dificuldades em todos os hospitais, desde a procura de leitos até atendimentos de qualidade. Durante dois anos conseguimos tocar o nosso hospital, mas falta um pouco ainda por mês de arrecadação para conseguirmos trabalhar como deveria ser. Eu digo que hoje com R$ 30 mil a mais de arrecadação, seja com convênios de prefeituras, do estado e até com doações, o nosso hospital estaria atendendo bem melhor.

Correio Repórter: Qual é o maior problema hoje enfrentado pelo hospital?
Adilson:
É a falta de filantropia. Isso gera R$ 20 mil de encargos por mês. A filantropia é adquirida a partir do terceiro ano de funcionamento que completamos agora. Então só agora estamos iniciando o processo para fazer o pedido da filantropia, através do Ministério da Saúde. Enquanto não conseguimos este apoio precisamos que a população, os governantes, ajudem, porque só há R$ 20 mil que precisamos cobrir.

Correio Repórter: Esse R$ 20 mil na verdade iria gerar um valor de R$ 200 mil?
Adilson:
Sim, por isso estávamos procurando junto ao Governo do Estado estes recursos. Este valor serviria para investimentos no hospital e para melhorar o atendimento, mas, no entanto a gente está buscando esse dinheiro que o estado garantiu que vem para cobrir um furo. Estamos quase no final de mais um ano e sabemos que os funcionários têm férias para receber, tem 13º, tem fornecedores, e mesmo a parte do INSS, e falta para nós ainda R$ 180 mil.

Correio Repórter: É verdade que os próprios funcionários do hospital abrem mão de 20% do salário para ajudar o Dom Joaquim?
Adilson:
Inclusive na sessão da Câmara agradeci aos funcionários, pois eles doam na folha de pagamento 20% todo mês. Isso equivale mais ou menos R$ 7 mil todos os meses vindo dos funcionários. Eles estão doando até que a filantropia saia. Eu tinha um sonho de que nos próximos anos, já que estamos largando a diretoria da associação, de que os funcionários não precisassem mais doar esse valor. Funcionário que recebe um salário digno produz bem mais para a empresa.

Correio Repórter: As grandes reclamações que chegam para os vereadores são sobre o atendimento na emergência e no pronto socorro. Porque na verdade os outros atendimentos são bons. A demanda de atendimento é maior do que o hospital suporta?
Fátima:
Nós fizemos um levantamento no hospital e chegamos ao numero de 3,8 mil pacientes por mês. Isso chega a um número de mais de 100 pessoas por dia. Além de Sombrio, o hospital atende também Balneária Gaivota e Santa Rosa do Sul. Como enfrentamos falta de recursos é normal que também soframos carência no quadro de funcionários. Com dinheiro em caixa poderemos contratar e qualificar mais funcionários

Correio Repórter: Outro problema citado pelos vereadores foi o fechamento dos postos de saúde no período da tarde, agora no horário de verão, acaba inchando a emergência. Isso atrapalha também?
Fátima:
A nossa emergência é responsável pelos atendimentos mais graves e de urgência, com infarto, AVC, então com o fechamento dos postos mais cedo, esses casos de dores no dente, febres, as consultas que geralmente são feitas em postos de saúde acabam gerando filas na emergência do hospital. Todo cidadão que chega à porta do hospital não deixa de ser atendido por haver uma demora em virtude desses problemas, porém todos recebem atendimento. As reclamações da população são com razão, porém os problemas são muitos.

Correio Repórter: Adilson você citou que em Jacinto Machado a população ajuda o hospital São Roque na conta de luz, somando um valor de R$ 15 mil por mês. Aqui em Sombrio o valor não chega a R$ 3 mil. Por que essa diferença?
Adilson:
Bom eu concordo com as pessoas que não doam. Porque nos já pagamos nossos impostos em dia, por que teríamos mais este gasto? Mas como estamos numa situação delicada, penso que temos que fazer a nossa parte social também. Por isso convoco a população para doar. Já recebemos doações de alimentos, roupas, as pessoas não imaginam, mas tem lençol lá que o remendo é maior que o próprio lençol. Quem quiser ajudar é só passar no hospital com uma conta de luz e preencher um formulário. Automaticamente todos os meses você estará contribuindo para o hospital. Não temos ninguém nas ruas autorizado a fazer este tipo de cobrança.

Correio Repórter: Voltando ao tema das dívidas que o hospital possui hoje. Quais os passos para começar a receber essas verbas e levantar de vez o Dom Joaquim?
Adilson:
Um dos documentos necessários é todas as negativas. E hoje esse é o nosso entrave, nós estamos devendo no INSS e não temos condições de pagar. Temos R$ 200 mil para entrar do governo estadual e não recebemos ainda por falta de R$ 45 mil que serviria para pagar essa dívida. Esse dinheiro pode vir de uma promessa feita pelo prefeito José Milton (PP). É só receber essa quantia, eu já consigo liberar para semana que vem os R$ 200 mil do estado, e também libero os convênios federais e também a filantropia.

Fonte: Correio do Sul - 29-10-2008


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