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16-03-2009 - Hospital pode ter a cozinha interditada

Um improviso que se prolonga por 10 anos atrapalha o trabalho de 20 funcionários do Hospital Santa Teresa, em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. O setor de nutrição atua em um espaço velho e fora dos padrões necessários para esse serviço. De acordo com a Vigilância Sanitária do Estado, por causa da falta de condições, a cozinha pode até ser interditada.
A ironia é que a poucos metros, um prédio reformado e equipado espera apenas o fim de uma briga judicial para receber o setor do qual saem as refeições dos pacientes.
O hospital, antiga colônia isolada que recebia pacientes de hanseníase, é administrado pelo Estado e tem 14 pavilhões e 30 casas geminadas. Antiga, a cozinha apresenta assoalho precário.
Faltam locais adequados para estocar produtos e colocar utensílios. Não há climatização, e segundo a chefe de produção, Clarice Kuhn, nos dias mais quentes é insuportável ficar ao redor do fogão para cozinhar.
Por dia são servidos 230 cafés da manhã, almoços, cafés da tarde e jantares. Além disso, lanches no meio da manhã e ceias também fazem parte do trabalho diário do setor.
A chefe de divisão de estabelecimentos de interesse da saúde da Vigilância Sanitária do Estado, Maika Arno Roeder, ressaltou que o prazo para adequações – prorrogado desde o início de 2008 – acabou no fim do ano passado.

Precarieade pode levar à interdição
Segundo ela, uma multa já está correndo e o processo vem sendo acompanhado de perto.
– A próxima medida será a interdição – ressaltou Maika, informando ainda que a alimentação pode ser terceirizada.
Conforme ela, o local é totalmente sem condições para ser uma cozinha, destacando que estão fora da conformidade itens como as dimensões, os revestimentos, toda a infraestrutura, os fluxos e utensílios.
O diretor do hospital, Antonio Bittencourt, afirmou que a reforma do antigo almoxarifado iniciou em 2005. A previsão de finalização em seis meses foi frustrada com a falência da empresa que fazia a obra. Agora, ainda falta a questão do serviço de gás.
Segundo o superintendente dos hospitais públicos do Estado, Roberto Hess de Souza, duas empresas brigam judicialmente pelo fornecimento do gás. Como há uma ação contra quem venceu a licitação, o serviço não pode ser prestado.
– Pelo menos dois anos foram perdidos com esse tipo de problema entre as empresas – destaca.

A instituição
Fundado em 11 de março de 1940, por Getúlio Vargas e Nereu Ramos, a então Colônia foi utilizada para isolar as pessoas com hanseníase. Na época, o isolamento dos pacientes era a única forma de prevenção da proliferação da doença. A política era tendência nacional para “preservar a sociedade sadia”.
A colônia tentava reproduzir a sociedade externa. Cinema, teatro, cassino, igreja e até cadeia existiram no local. Uma moeda local foi criada para as operações financeiras dentro da colônia, e uma estação de rádio contribuía na disseminação das informações.
A descoberta da cura da doença tirou a obrigatoriedade da internação compulsória. Alguns moradores da antiga colônia, retirados de suas famílias e segregados da sociedade, não conseguiram deixar o hospital ou não possuem mais familiares. Conforme a direção são 15 pessoas, algumas há mais de 50 anos no hospital.
O hospital atende pacientes de dermatologia, dependentes químicos e psiquiatria. São pouco mais de 100 funcionários efetivos e terceirizado.

Fonte: DC - 16-03-2009


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