ANMR diz que greve alcança mais de 90% da categoria

Entidade aguarda posição do governo após rejeição de oferta

A Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), representante da categoria nas negociações com o governo federal e que deflagrou a paralisação no dia 17, informa que a greve atingiu, nesta quinta, 19, mais de 90% de adesão no País. O impulso maior foi dado com a entrada no movimento de grandes hospitais da capital paulista, como Santa Marcelina, Clínicas e Servidor, além de outras instituições.
O presidente da ANMR, Nívio Moreira Junior, ressalta que a mobilização chegará à quase totalidade com o começo da paralisação, a partir desta sexta, no Paraná. São mais de 22 mil residentes em programas de formação no Brasil. Apenas Tocantins não está na paralisação por não formar especialistas. A campanha não alcança 100% pois deve ser assegurado 30% do contingente dos médicos residentes nos serviços de urgência e emergência. Para a próxima semana, já estão previstos dois atos: Caminhada Nacional pela Residência Médica (dia 24) e Dia de Doação de Sangue pela Saúde Brasileira (dia 26).
Os residentes reivindicam reposição de 38,7%, aplicados sobre a bolsa de R$ 1.916,45, congelada há quase quatro anos. Mais de 23 pontos percentuais do índice solicitado é parcela de um acordo firmado em final de 2006, com o Ministério da Educação (MEC), e nunca honrado pelo governo. Naquele período a remuneração foi elevada para o valor atual. As mobilizações ganharam força a partir de abril, com pedido de negociações para aumento da bolsa, cumprimento de benefícios como auxílio alimentação e moradia, criação da 13ª bolsa e ampliação da licença maternidade para seis meses. A Associação destaca importância do apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e Associação Médica Brasileira (AMB). 
“É um movimento histórico. A categoria está lutando com muita convicção por reconhecimento e valorização. Quem decide o prazo para voltarmos a fazer treinamento nos hospitais e demais serviços é o governo”, reforça Moreira. O presidente esclareceu ainda que desde a comunicação da recusa feita ontem do reajuste de 20%, oferecido pelo Ministério da Saúde, um dia antes da greve deflagrada dia 17, nenhum novo contato foi estabelecido.
Enquanto mantém aberto canal de negociação, a categoria acelera a mobilização. Na próxima terça, ocorrerá em todo o País a Caminhada Nacional pela Residência Médica, com concentração em cada cidade e hospital a ser definido pelos residentes a partir das 9h. “Vamos mostrar nossa força. A população sabe quanto fazemos falta no atendimento e que esta luta é decisiva para a qualidade da nossa formação e cuidado dos pacientes”, destacou Moreira. Nesta sexta, em diversas regiões haverá doação de sangue, prevista para Santa Catarina.
A ANMR denuncia diversas irregularidades na condução dos programas de residência nos hospitais, como sobrecarga de trabalho e carga horária além das 60 horas semanais e falta de médicos preceptores (que fazem a supervisão dos residentes). A entidade criou o e-mail denuncia@anmr.org para receber queixas da categoria em todo o País, incluindo represálias de gestores e preceptores a quem aderiu à greve. Os relatos serão encaminhados aos órgãos competentes.


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